Nos últimos dias, um avanço científico chamou a atenção da comunidade internacional de nanomedicina: pesquisadores da Espanha, Reino Unido e China conseguiram reverter sinais da Doença de Alzheimer em camundongos usando uma terapia nanotecnológica projetada para restaurar a capacidade de “limpeza cerebral”. A abordagem utiliza nanopartículas bioativas — verdadeiros “shuttles moleculares” — capazes de atravessar a barreira hematoencefálica (BHE), ligar-se ao peptídeo tóxico β-Amiloide (Aβ) e reativar o mecanismo natural de eliminação dessa proteína, que normalmente falha na doença. Os resultados impressionam: Mais do que um resultado experimental, esse estudo abre uma nova via para combater doenças neurodegenerativas: fortalecer a capacidade natural do cérebro de remover proteínas tóxicas, utilizando plataformas nanotecnológicas projetadas com precisão. Claro, trata-se ainda de um modelo animal, e há etapas importantes antes de chegar a ensaios clínicos em humanos. Mas o avanço é sólido e promissor. Para países como o Brasil — com população em acelerado envelhecimento e crescente prevalência de doenças neurodegenerativas — acompanhar e apoiar esse tipo de tecnologia pode ser estratégico para o futuro da saúde pública. A nanomedicina avança rápido. E cada nova descoberta reforça que estamos diante da próxima grande revolução biomédica. Fontes científicas Sociedade Brasileira de Nanomedicina
Sociedade Brasileira de Nanomedicina considera avanço da USP marco importante no combate ao câncer de pele
A Sociedade Brasileira de Nanomedicina (NANOMED) acompanha com entusiasmo o recente avanço científico anunciado pelo Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC/USP), que desenvolveu um composto inovador capaz de eliminar células de melanoma, o tipo mais agressivo de câncer de pele. Divulgada em 12 de junho de 2025, a pesquisa demonstrou resultados promissores ao utilizar um composto à base de rutênio, um metal raro com propriedades anticâncer, associado a moléculas que atuam diretamente no bloqueio do ciclo celular tumoral. O destaque está na capacidade do composto em atacar seletivamente as células doentes, preservando as saudáveis — um dos grandes desafios da oncologia moderna. Para a NANOMED, este é mais do que um avanço laboratorial: é uma demonstração concreta do potencial da nanomedicina brasileira em responder a desafios clínicos globais com soluções originais e de alto impacto. “Trata-se de uma contribuição que reforça o protagonismo da ciência nacional, sobretudo quando envolve plataformas nanotecnológicas com aplicação direta em terapias mais eficazes, menos invasivas e com menor toxicidade sistêmica”, afirma nota da entidade. A Sociedade reafirma seu compromisso em apoiar, divulgar e articular iniciativas que, como essa, impulsionam a inovação translacional, aproximando a bancada do laboratório da realidade do paciente. O estudo, que agora entra na fase pré-clínica, conta com colaboração entre diferentes instituições, como UNIFAL-MG, UECE e UFOP, e é mais um exemplo de como a ciência colaborativa e a infraestrutura de excelência podem posicionar o Brasil entre os líderes mundiais na aplicação da nanotecnologia à saúde. Fonte:Instituto de Física de São Carlos – USP (2025).Link: www2.ifsc.usp.br
Nanocarreador japonês leva anticorpos direto ao interior de células tumorais
Pesquisadores do Institute of Science Tokyo anunciaram o desenvolvimento de um nanocarreador metálico-fenólico capaz de entregar anticorpos terapêuticos diretamente no interior de células cancerígenas. A inovação foi publicada no Journal of Controlled Release e divulgada nesta semana pelos portais AZoNano e EurekAlert. A tecnologia utiliza uma rede molecular composta por ácido tânico (tannic acid), íons de ferro (Fe³⁺) e polietilenoglicol (PEG), formando estruturas nanométricas com capacidade de romper os endossomos celulares — compartimentos que normalmente degradariam os anticorpos — e liberar o conteúdo terapêutico no citoplasma. Os testes foram realizados em modelo pré-clínico com tumores ortotópicos de mama. Os resultados apontam redução de até 80% no volume tumoral, além de baixa toxicidade sistêmica e aumento da eficácia imunológica. O anticorpo utilizado atua sobre a proteína S100A4, relacionada à evasão tumoral da resposta imune e à inativação do gene supressor p53. A proposta é considerada promissora para o desenvolvimento de uma nova geração de terapias oncológicas intracelulares, superando limitações de abordagens atuais, que atuam apenas na superfície das células. Nota da NANOMED A NANOMED (Sociedade Brasileira de Nanomedicina) considera o avanço descrito um marco para o campo das terapias direcionadas. Tecnologias como esta abrem caminhos para tratamentos mais eficazes e personalizados em oncologia. A entidade convida universidades, centros de pesquisa, empresas e órgãos de fomento brasileiros a intensificar a cooperação científica e tecnológica internacional, especialmente com centros de excelência asiáticos e europeus. É urgente fortalecer pontes entre pesquisa básica e aplicação clínica, com foco em segurança, eficácia e acessibilidade. O futuro da medicina personalizada — sobretudo no combate ao câncer — passa, inevitavelmente, pela nanotecnologia. Fontes:
Novo exame de sangue revoluciona a personalização da nanomedicina no tratamento do câncer
Pesquisadores da RMIT University e do Doherty Institute, na Austrália, desenvolveram um exame de sangue inovador capaz de avaliar a eficácia de nanomedicamentos no tratamento do câncer, especialmente leucemias. Com apenas uma gota de sangue, o teste analisa como diferentes nanomedicamentos interagem com células cancerígenas e saudáveis, permitindo personalizar a terapia para cada paciente.
Inovação na Nanomedicina: Terapia de luz vermelha para lesões na medula espinhal
Em um avanço significativo para o tratamento de lesões na medula espinhal, pesquisadores da Universidade de Birmingham desenvolveram uma nova abordagem terapêutica utilizando luz vermelha e infravermelha. Esta técnica, conhecida como fotobiomodulação (PBM), tem mostrado um potencial notável na promoção da reparação e regeneração nervosa diretamente no local da lesão.
São Paulo sediará o III Congresso Brasileiro de Nanomedicina e I Congresso Latino-Americano em setembro de 2025
Em setembro de 2025, a cidade de São Paulo será o palco do III Congresso Brasileiro de Nanomedicina e do I Congresso Latino-Americano de Nanomedicina, eventos pioneiros dedicados ao avanço e à discussão da nanotecnologia na medicina. Organizado pela Sociedade Brasileira de Nanomedicina, o congresso promete reunir os mais eminentes profissionais e acadêmicos do setor, vindos de diversas partes do mundo, para trocar conhecimentos, experiências e as mais recentes descobertas na área.
VÍRUS E SEU USO NA NANOMEDICINA
A ideia de que um vírus pode ser usado como um pequeno veículo capaz de transportar drogas ou outros produtos químicos para os tecidos do corpo específica pode soar como ficção científica. No entanto, atualmente, é uma realidade. Bionanotechnology, um ramo da ciência que lida com o estudo e manipulação de materiais muito pequenas que podem medir milionésimos de um centímetro (que são conhecidos como nanomateriais), estes são utilizados para estudar certas doenças, assim para gerar novas e melhores ferramentas de diagnóstico e tratamento. Os vírus são agentes infecciosos que precisam infectar uma célula para se multiplicarem, por isso são considerados “parasitas intracelulares”, porque não conseguem “sobreviver” se não estiverem dentro de uma célula. Existem vírus que podem infectar especificamente bactérias, fungos, plantas e animais. Todos os vírus dentro deles têm seu próprio material genético, que é cercado por uma camada de proteínas que o protege e é conhecido como capsídeo viral. As proteínas dessa estrutura funcionam como pequenos “legos” que se auto-organizam perfeitamente para preservar seu mesmo tamanho e forma. Os cientistas tiraram partido do tamanho nanométrico do vírus e a capacidade para autoensablaje cápsisde viral, utilizando ferramentas bioquímicas e moleculares, tem havido “vazias” estes vírus, destruindo o seu material genético enquanto retendo apenas a estrutura oca cápside viral, isso para usá-lo como uma caixa que pode ser “recarregada” com drogas ou outras moléculas biológicas. As novas estruturas de proteínas que são formadas, são conhecidas como partículas semelhantes a vírus ou “VLPs” do inglês Virus Like Particles. Uma vez que a maioria das VLPs que foram construídas destinam-se a ser utilizadas como nano-carregadores de fármacos para doenças humanas, foram utilizados vírus de plantas que não são capazes de infectar um animal ou seres humanos. Ao mesmo tempo, no momento de esvaziá-los, assegura-se que o material genético seja totalmente destruído, para que não ponham em perigo as plantas ou o meio ambiente. Assim, este tipo de estruturas nanométricas está sendo usado para realizar estudos laboratoriais e determinar se, no futuro próximo, poderiam ser utilizados para a entrega específica de medicamentos para o combate e tratamento de doenças como câncer, diabetes, como um novo tipo de vacinas. ou, entregar enzimas ou metabólitos para combater doenças causadas pela ausência destes. Bionanotechnology no Departamento do Centro de Nanociência e nanotecnologia UNAM, trabalhando com as VLP de geração biosseguras que são utilizados em ensaios in vitro para estudar o seu potencial como ferramentas para o diagnóstico e tratamento de cancro e outras doenças. E embora ainda exigem testes em animais, os resultados de testes in vitro de laboratório indicam que eles podem ter uma muito grande para ser usado em futuros estudos pré-clínicos em modelos animais de potencial câncer. Desta forma, é possível aproveitar os nanomateriais biologicamente seguros como ferramentas nanotecnológicas para o combate a doenças de importância nacional. Por Dra. Karla Oyuky Juárez Moreno * * O autor é pesquisador do CNYN-UNAM.
BRASÍLIA SEDIARÁ O I CONGRESSO BRASILEIRO DE NANOMEDICINA
A Sociedade Brasileira de Nanomedicina realizará o I Congresso Brasileiro de Nanomedicina para promover o papel da nanotecnologia no tratamento e prevenção de doenças. A nanomedicina baseia-se no uso de dispositivos de engenharia nanoestruturados, para iniciar e controlar processos vitais em escala molecular. Uma variedade de ferramentas nanotecnologicas ajudam com o diagnóstico e distribuição de drogas, no tratamento de doenças crônicas. A tecnologia avançada e de ponta ajuda na cirurgia, como microcirurgiões dentro do corpo do paciente. A Universidade de Brasília sediará o I CBN para apresentar as mais recentes conquistas da nanomedicina do país, experiências descobertas e aplicações da nanotecnologia na medicina, proporcionará oportunidades de compartilhamento de conhecimento entre estudantes, especialistas e demais pro¦ssionais da área. Nanotecnologia de medicamentos, sistemas modernos de administração de medicamentos, nano-biomateriais, nano-diagnósticos, engenharia de tecidos, nano-farmacologia nano-toxicologia, nanossensores e comercialização de produtos nanotecnológicos serão os temas da conferência, que será realizada nos dias 10 e 11 de outubro de 2019, na Faculdade de Ciências da Saúde, na Universidade de Brasília
A UNB SEDIOU O I CONGRESSO BRASILEIRO DE NANOMEDICINA
Para promover o papel da nanotecnologia no tratamento e prevenção de doenças, a Faculdade de Ciências da Saúde sediou o I Congresso Brasileiro de Nanomedicina. A atividade, que aconteceu nos dias 10 e 11 de outubro de 2019, apresentou as mais recentes conquistas da nanomedicina do país, experiências descobertas e aplicações da nanotecnologia na medicina.
MEDICINA COMBINADA A NANOTECNOLOGIA: POTENCIAL E DIFICULDADES DO MERCADO BRASILEIRO
Elementos como custo, burocracia, pouca compreensão científica e o receio de investir nestes produtos são entraves para a evolução da nanomedicina no país. universo. Mas, entre as evoluções cada vez mais presentes no cotidiano do setor, uma área muito específica e também muito promissora ainda é pouco conhecida: a nanomedicina. Os avanços da saúde têm se apoiado no elemento nano para desenvolver soluções mais precisas. Segundo a Pitchbook, em 2022 os investimentos em tecnologia na saúde devem alcançar os 10 trilhões de dólares. No que se refere à nanomedicina, estima-se que o setor cresceu cerca de 250% entre 2015 e 2020. De acordo com a World Nano Foundation sugere que até 2027, o mercado nano terá movimentando cerca de 8 bilhões de dólares. No Brasil, no entanto, a nanotecnologia é vista com mais frequência nas universidades. No setor privado, a cidade de Campinas, em São Paulo, tem sido apontada como um hub de startups dessa tecnologia. Mesmo assim, a nanomedicina ainda é pouco compreendida no mercado brasileiro como um todo e, consequentemente, recebe poucos investimentos O QUE É NANOMEDICINA? De forma simplificada, “a nanotecnologia é tudo aquilo que você pode trabalhar em escala nanométrica”, explica Herculano da Silva Martinho, especialista em biomoléculas e diagnóstico óptico do Centro de Ciências Naturais e Humanas na Universidade Federal do ABC (CCNH-UFABC). Na medicina, a escolha de trabalhar com uma escala de tamanho capaz de atingir células específicas — de 01 a 100 nanômetros —, de forma que não atinja tecidos saudáveis, destaca-se por sua tendência de ir direto ao alvo, aumentando a precisão do tratamento e diminuindo efeitos colaterais. “Trata-se de uma forma de erradicar doenças. A medicina do futuro está apoiada na tecnologia”, diz Marco Vinícius Chaud, professor titular do Curso de Farmácia na Universidade de Sorocaba e integrante da Sociedade Brasileira de Nanomedicina. Ou seja, dentro da nanotecnologia é possível construir dispositivos, produzir fármacos e atuar de maneira seletiva, indo direto onde o organismo precisa. Por isso, entre os especialistas, a nanomedicina é tratada como uma ferramenta, “que irá ‘apertar o parafuso’ exatamente onde é necessário”, diz Martinho. APLICAÇÃO DA NANOTECNOLOGIA NA SAÚDE Na saúde, o nano tem otimizado os diagnósticos, a produção de vacinas, a detecção de marcadores biológicos e formas de tratamento capazes de alterar o percurso de uma doença. A nanomedicina pode ser uma alternativa principalmente para tratar doenças como diabetes, as cardiovasculares, neurológicas e até mesmo o câncer. Mas, para realizar essas tarefas, a nanotecnologia irá trabalhar com diferentes mecanismos, como a biofotônica, o transporte de fármacos através da pele e dos campos elétricos. Com as nanopartículas é possível construir diversos tipos de solução. No tratamento contra tumores, por exemplo, a biofotônica permite que os feixes de luz a laser atuem diretamente na região onde estão as células cancerígenas. Assim, as células saudáveis ao redor não são atingidas, reduzindo efeitos colaterais como queda de cabelo e feridas na mucosa da boca, por exemplo. Embora os tratamentos para tumores tenha evoluído muito nas últimas décadas, há ainda um enorme espaço para cobrir quando se trata da medicina personalizada. Nesse contexto, a nanomedicina poderá ser utilizada para desenvolver soluções para pessoas que não respondem aos tratamentos convencionais. AS BARREIRAS DA NANOTECNOLOGIA BRASILEIRA Com tantas possibilidades, por que a nanomedicina não é tão conhecida e estimulada no mercado brasileiro? A resposta para essa questão envolve elementos como: custo, burocracia, pouca compreensão científica e o receio de investir nestes produtos. CUSTOS No que se refere ao custo, os valores envolta da nanotecnologia costumam ser 10 vezes maiores do que o esperado para a criação de um laboratório comum, segundo o professor da UFABC. Para manter o padrão de qualidade de escalas tão pequenas quanto as que exigidas na nanomedicina, é necessário uma grande verba. Entre os exemplos, Martinho cita os microscópios de alta precisão, que podem chegar aos 350 mil euros, enquanto tecnologias regulares normalmente exigiriam um investimento de 5 mil. Ainda nessa questão, há o fator de higiene. Os laboratórios de nanotecnologia exigem um alto grau de limpeza, pois mesmo um grão de poeira poderia prejudicar a pesquisa, dado que esta teria uma molécula maior do que as de alvo do estudo. Com a necessidade de manutenção anual e a troca de equipamentos a cada cinco anos, o financeiro pode ser uma barreira até mesmo para a indústrias. “O ideal seria criar um hub de empresas em um centro de caracterização ou as universidades poderiam atuar abrindo suas estruturas para as empresas desenvolverem fármacos”, aponta Martinho. O SISTEMA JURÍDICO, A COMPREENSÃO CIENTÍFICA E O MERCADO O Brasil conta também com grandes empecilhos nas relações jurídicas. Um dos problemas começa com a dificuldade de patentear estudos e demais inovações. Neste tópico, os especialistas alegam que pode levar cerca de 10 anos para receber algum retorno quanto à solicitação da patente. Quando enfim recebem retorno da solicitação, os pesquisadores encontram um conflito de comunicação, pois com a falta de conhecimento científico das autoridades jurídicas acabam por não compreender a ideia do produto e novas barreiras são criadas para sua aprovação. Assim, diversos questionamentos legais impedem ou tornam ainda mais demorado o processo da patente. Durante todo esse período, as ideias costumam ficar estagnadas ou acabam por circular no mercado estrangeiro — que, apesar de ainda passar por dificuldades, encontra-se em um cenário com mais investimentos do que o brasileiro. Para o professor da UFABC, não há como avançar o mercado nano sem antes estimular o conhecimento básico científico nas escolas e universidades. O entendimento das ciências é também uma das razões pelas quais o mercado demonstra receio de investir em produtos de nanotecnologia. Segundo Chaud, um dos caminhos para solucionar a falta de recursos no Brasil seria obter mais apoio da indústria farmacêutica. Entretanto, são raras as vezes em que o setor privado aceita investir em algo que ainda não está pronto. “Ao ter uma ideia baseada em nanopartículas, há a possibilidade dela dar certo ou não, mas para funcionar é necessário apoio”, conclui o médico. Fonte: Futuro da Saúde